terça-feira, 15 de maio de 2012

Aniversário

Adoro o dia do meu aniversário!
O melhor presente é a gente mesmo que se dá ao acreditar que mais um ano vai chegar com surpresas a cada instante, como um desembrulhar infinito da realidade.
Caixa grande com caixa menor dentro, sucessivamente até descobrirmos que o que tinha na última não possuía a menor importância ou valor, e que o mais legal dessa brincadeira mesmo, era quem estava do nosso lado com olhos igualmente abertos e ansiosos aguardando o inesperado e com quem dividíamos os brinquedos depois...
Cheiro de boneca nova invadindo a sala e convidando a gente a ver o mundo com olhos de criança, sem medo de sujar o vestido nem culpa de comer mais um doce roubado ,ou dois ,sem que ninguém soubesse...
Olho para o céu com cada vez mais certeza que o que não vejo é o que me guia;
Olho para baixo e não enxergo só meus joelhos arranhados de tantas quedas, mas também minhas pernas que ficaram fortes de tanto se reerguerem nesses anos todos;
Olho para frente e encaro minhas promessas de um futuro melhor, tendo ciência que isso vai ser definido a cada segundo novo e que definitivamente não é resultado só da minha teimosa vontade de ser feliz. 
É só meu esse dia de festa, mas que depende totalmente dos outros pra ter graça!
Na imagem refletida desse espelho de, já ,41 anos (preciso me acostumar com essa idade agora), vislumbro pegadas apressadas de alguém que já saiu correndo, faz tempo, pra curtir a vida sem se preocupar mais com que os números representam.... Eu quero mais é fazer tudo isso que ganhei valer a pena! 
Por mim e por você!!!!

sábado, 24 de março de 2012

Mistério

Hoje aqui.
Amanhã quem saberá?...
Pra onde nos esconderemos quando vierem nos buscar para grande ceia da realidade que ninguém quer ver?
Mesa posta, enfim chega a hora não marcada;
O encontro mais inesperado; 
Em quem confiaremos nossos filhos?
Daqui não podes levar nada;
Nem as lembranças será?
Vai correndo!Ainda alcanças os últimos raios de sol!
Se o nevoeiro não dissipa, devemos continuar mesmo assim;
Apagou-se o caminho de volta ;
Já me acostumei com o incerto;
O que não muda mais é o que me assusta agora;
Não foi por falta de aviso nem de tempo;
Veio assim, a galope;
Mais rápido que o vento;
e vai te levar sozinho pra perto de tudo que não sabes mais;
Acredita!
Confia!
Alguém te disse que ia ser fácil?!
Até o medo já ficou na última curva dos teus segundos finais; 
Te entrega finalmente: permita nascer o inexplicável!
O que restou  de todo aquele "antes" agora não significa quase nada ;
És só o "tudo" que cabe em ti por dentro e que ninguém jamais viu ou ouviu;
Lembra?Aquilo que não sabias traduzir em palavras!...
Um silêncio sereno enfim me acalenta ;que bom que cultivei esse jardim aqui ....não me lembrava dele tão florido... 
Já sinto o que sobrou de mim preencher-se de um imensurável Amor;
Luz enfim ...cor ,energia, música...só certezas e reencontros;
Não estou mais em lugar algum...
Simplesmente sou...e como é bom ser aqui!...
Então...sem dúvida... devo ter chegado!






 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Tempestade

Se passo muito tempo sem escrever não é por falta de assunto,mas por conta de não conseguir muitas vezes traduzir em texto sentimentos perversos que me afligem.
Ou talvez querer  privar o mundo de mais angústias profundas.
 Não quero comparar meus tufões de hoje com brisas perfumadas de outrora em que  meus pensamentos leves brincavam de roda  e não sentia meus pés no chão,mas
preciso de uma melodia suave  e uma cama macia para descansar só por um dia,depois sigo viajem,eu prometo!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Voltar pra casa

Talvez poucas pessoas tenham o privilégio de passar toda sua infância, juventude e início de vida adulta morando no mesmo lugar.
Eu tive.
Esse lugar que reside mais intenso dentro de mim do que em Porto Alegre,num bairro tranquilo, perto da movimentada Avenida Ipiranga,chamo de minha casa.
Meu ninho e trampolim para o mundo.
Espaço sagrado que presenciou tantas mudanças,descobertas ,conflitos e transformações, manteve-se preservado todo esses anos,quase que intacto, tendo nos últimos tempos somente minha mãe como representante dessas vivências do passado.
A cidade em volta já não é mais a minha a tempos.Por alguns lugares até dói  no peito de passar e ver tanta transformação,viadutos e perimetrais.E por outros então a dor é na alma,de saudade dos que partiram pra sempre deixando vazios irreparáveis.
Já faz mais de dois anos que não retorno ao meu primeiro lar.Saí de lá para casar e depois disso meu cep. já mudou várias vezes.Mas nada se compara ao lugar que crescemos.
Hoje, já não volto mais sozinha, trago filha e marido na garupa.Mas quem entende a alegria que fico em chegar e abrir a porta da frente ,de madeira envernizada e fechadura barulhenta?Só pra quem viveu ali.
Difícil explicar em palavras.
Confesso ter uma estranha mania toda vez que volto.Me olho no mesmo espelho de sempre do banheiro cor de rosa, mas vejo sempre outra Liseane refletida,apesar de ser a mesma .Procuro marcas minhas nas paredes e móveis que façam eu voltar no tempo por pelo menos um segundo:
Sentir o cheiro das parreiras carregadas de uvas de duas cores,
O barulho das tartarugas caindo no laguinho feito com a bacia esmaltada da geladeira velha da vó.
Os cafés da tarde.
As salas de conversação que teimavam em acontecer,mesmo que de forma clandestina.
O acordar de domingo ao som do piano do pai.
A buzina da Kombi para nos levar para o colégio Anchieta.
O mundo maravilhoso do urso Pandi e do macaco Simão onde tudo era como podíamos imaginar.
A brincadeira com as Barbies no quarto com minha irmã enquanto a primeira neve caía inédita lá fora sem que percebêssemos de tão envolvidas uma com a outra num outro lugar bem distante dali .
O misterioso quarto do meu irmão onde os Kinders chocolates como que por magia duravam mais que em qualquer outro lugar do planeta.Praticamente um triângulo das bermudas dentro de 4metros quadrados.
Os esperados dias de paz e os infindáveis de guerra.
Quantos Natais e Anos Novos no salão.
AHH!!O Salão!...Valsas dos Patinadores,fumaça de lareira,música e raras visitas.Muito raras.
A mãe sempre servindo,pontualmente,a todos e quase nunca com tempo pra si mesma.Mas quando se arrumava surpreendia a todos com sua elegante beleza discreta.Eu adorava presenciar essa transformação...
 O  ranger do portão se abrindo pra deixar meu pai entrar no seu Passat branco zero,com cheiro de novo, voltando de mais um dia de trabalho na PUC.
Nada de barulho de bola!Não desce o corredor ventoso de patins guria!
E cada boxer uma nova história se juntando a nossa.
Quantas lembranças de um passado que vai se apagando de um endereço antigo na rua das recordações do bairro saudade ou seria Jardim do Salso...
Minha casa: me espera que estou voltando, mais uma vez pra
continuar escrevendo mais um pedaço da nossa história que está longe de terminar.

domingo, 18 de setembro de 2011

Sim,eu consegui!


Vamos falar de limites?
Até onde podemos chegar ou pensamos poder chegar?
Quando sabemos estar no topo ou no fundo do poço?
Quando decidir a hora exata de render-se ao tempo,mudar de estrada ou sair da festa?
Como identificar um sinal que avise ter chegado o fim da linha, num mundo tão cheio de possibilidades e apelos?
Não distinguimos mais o que vem de nossa real capacidade do que nos é conferido por apetrechos tecnológicos quase que obrigatórios.
Nessa mescla do “eu” com o que nos foi agregado durante uma vida,ficamos embriagados de possibilidades e ao mesmo tempo impotentes para escolher a melhor causa a ser seguida. 
O primeiro passo,e talvez mais difícil, seja não duvidar de si mesmo.Pense bem:já temos muitos que fazem isso muito bem por nós;deixemos essa tarefa só para eles.
Depois ,que tal fechar os olhos e vislumbrar seus dons natos,muitas vezes tão escondidos e travestidos de dúvidas, que perderam seu formato original e cor,morando encolhidos  por anos naquele setor dedicado as coisas impossíveis?
Faça um esforço e invista uma boa dose de verdade para que saiam dessa hibernação e se mostrem finalmente por inteiro como sempre devia ter sido.
Desde sempre não gastamos quase tempo para nosso autoconhecimento e isso vai nos afastando de nossa essência aos poucos, até ficarmos com uma imagem tão turva, quase irreconhecível de um ser anônimo, artificialmente criado para adaptar-se ao que é denominado socialmente correto.
Não damos mais ouvidos aos nossos próprios ecos e, nesse contexto, qualquer ação perde o sentido já que não vem de dentro pra dentro.
Gera-se um círculo vicioso de tentativas vãs seguidas de decepções que se repetem ininterruptamente até atingirem o pior dos estágios: a rotina.
Aventurar-se  talvez seja a chave da resposta ao limite.
Quebrar o tênue limiar entre o “será que vai dar” com o “eu consegui”.
Só então abriremos o pára-quedas e começaremos a contemplar a vista.
E pode acreditar:ela é incrivelmente bela aqui de cima!


Obrigada meu Deus e Nossa Sra.Aparecida pelas graças alcançadas.Amém


domingo, 24 de julho de 2011

Se pudesse ser passarinho....

Não foram poucas as vezes que sonhei estar voando.
Dar rasantes perto do chão e rapidamente subir bem alto ,tendo a visão de telhados  e de gente virando formiga.
Faz tempo não vivo essa bela experiência proporcionada por devaneios da mente e comecei a me questionar a razão disso não acontecer mais.
Será que perdi a capacidade de me desligar dos problemas terrenos e não consigo mais me desprender do chão?
Será que o medo de cair superou o prazer de voar e conhecer lugares novos onde tenho que começar de novo,fazer outro ninho ,com novos galhos.
Talvez tenha me acomodado numa árvore antiga onde conheço meus vizinhos a anos e sei lidar com suas manias e eles com as minhas?
Ou talvez tenha ficado materialista demais, esquecendo da leveza que o desapego proporciona?
Realmente não sei dizer o porquê, nem quando perdi essa habilidade inesquecível.
Meus pés doem ,pedindo a ajuda das asas que não tenho mais.
Invejo os passarinhos a minha volta...
Miniaturas de anjos em revoada sob o sol de julho.
Levantam vôo com a facilidade de quem tem a alma leve...